sexta-feira, 23 de julho de 2021

 As cores se esvaem e desbotam como tinta ao sol. 

Esmaecem, e se acinzentam, aparecem trincas e partes se descascam, exibem novamente o cinza opaco que sempre estivera lá.  As cores não mais me pertentem, o amarelo alegre e vivo agora se empalidece, se apaga, se entristece. Tudo se vai quando as cores se vão. Não, não estou falando do outono de tons saudosistas de sepia, ou do inverno de cores frias azuladas. Falo da ausência, do desaparecimento de algo que antes esteve  lá e agora não mais existe. Cores tão alegre e risonhas que agora são perdidas e lavadas por lagrimas salgadas e sol de mormaço, frio e bloqueado por nuvens também cinzas e mortas. Essas nuvens não trazem a chuva pra remover essa poeira, tão pouco para alimentar as plantas que jazem secas nos vasos com terras rachadas e duras. Nuvens essas que so estão aqui para bloquear, para te dizer NÃO ao calor, NÃO a vida, NÃO a alegria... Esses vasos de plantas ressequidas, ficaram lá, esperando a próxima possível chuva... que não virá tão cedo. Enquanto isso, seu conteúdo se endurece, se amarga como o coração desse que vê as cores indo embora, dia a dia. Sua alegria partindo sem data de retorno, gota a gora que saem desses olhos agora vermelhos e sem brilho, fitando o chão estáticos como os tacos debaixo dos pés descalços e descuidados. Como em uma casa abandonada, tudo se quebre, apodrece. Se torna perigoso e envenenado. Farpas e pontas de vidros quebrados por todos os cantos, como uma armadilha para qualquer um que queira entrar... ou imagine sair. Como sair dessa arapuca que eu mesmo armei? Pensei em cada subterfugio q eu poderia tentar e o cobri, me defendendo do externo e do cadáver interno que agora se deteriora em meu peito. De volta ao seu casulo de papelão e vidro quebrado de onde eu nunca deveria tê-lo tirado. Vou deixar q seu sangue enegrecido se junte ao meu, e circule pelo meu corpo inerte e frio. E tome tbm as cores a há em mim. 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

     Eu cavei um buraco de solidão tão fundo que não sei mais como sair. Relacionamento rasos, mentiras, omissões, traições... foram as pás que me trouxeram ate aqui. Olho pra cima e vejo nuvens passando, cores mudando, e eu aqui so vejo a escuridão. Cheiros das estações indo e retornando, mas eu so sinto esse cheiro pesado de mofo. Imagino o sabor daquelas frutas la em cima, lindas, coloridas. E eu enterrado ate os joelhos em todas as escolhas ruins que eu fiz. Me segurando, me impedindo de saltar e subir. Me alimento dos restos que caem e insetos que brotam nesse lamaçal que eu me tornei. Esse poço de agua salobre e envenenada. 

terça-feira, 25 de agosto de 2020

    Hoje de súbito me lembrei que tenho esse blog para escrever as bobagens que vem à mente. Ando tão ocupado com trabalho, estudos e a vida normal que mal me sobra tempo para relaxar... Meu apartamento está imundo e eu não consigo me organizar para limpa-lo. As vezes penso que eu gosto de viver na desorganização e na poeira. 

   Em contraponto a isso, tenho me exercitado e me alimentado melhor, meu pensamento se aquietam, porém a criatividade também. Estou conseguindo me focar melhor na vida e trabalho, e ao me ver, isso tem acalmado os pesamentos negativos. 

   Preciso aproveitar essa calmaria para preencher as lacunas com coisas úteis e interessantes, remendar as velas, tencionar as cordas e tapar os vazamentos. Assim que puder novamente, quero me ver no mundo, sozinho mas não solitário. Minha presença hoje me acalma, me completo comigo. 

   É bom ser eu de novo, sentir minhas facetas internas se dando bem e convivendo não como uma família presa aos laços de sangue, mas como amigos; amigos q compartilham histórias e crescimentos. 

   Saudades, amigos... 

sexta-feira, 3 de julho de 2020

   Quase um ano sem publicar nada.. Não porquê eu não queria, mas por que os pensamentos não precisavam sair.
   Hoje, porém, algo se mexeu dentro da minha cabeça e precisou sair, antes que ela explodisse.
 
   A algum tempo eu penso na visão romântica, idealizada do amor, de relacionamentos. Fui ensinado que um bom relacionamento é baseado no tanto que as partes estão dispostas a ceder. O ideal seria que ambos cedessem mais ou menos o mesmo tanto, e fossem se adequando em relação às necessidades e objetivos que fossem aparecendo.
   Porém na mídia; filmes, livros, novelas, etc; poucas vezes isso é levado em conta. Em sua maioria, as provas de amor estão ligadas a alguma grande cessão de um dos lados, para se adequar ás exigências da outra parte ou da sociedade ou algo que valha; ou a exibições publicas que beiram ou são ridículas. Criando assim um mito e uma cobrança de uma publicização do relacionamento. Atos exclusivos e íntimos do casal é, em sua maioria, tidos como comuns caindo no famoso "não fez mais que a obrigação".
   É triste para mim, como alguém introvertido e recluso, perceber que esse padrão se repete, assim como no ditado "a vida imita a arte". O sentimento que liga as pessoa tem que ser a todo momento postas a prova, como se a manutenção saudável, o exercício diário não fosse bastante pra  manter, esse dito amor, em pé.
   Temo mais a cada dia que a solidão e o isolamento me aguardam em alguma manhã. Que me traga o café e as novidades de mim mesmo, sem ter que prestar nenhum resumo ou editorial para ninguém. Ao mesmo tempo que essa previsão me assusta, ela me afaga, com um "logo chegará nossa hora".
   Tenho convivido cada vez melhor com minha solidão, com minha própria companhia, e por vezes a simples presença de alguém me poe em estado de tensão, como se fosse cair em algum interrogatório infindável em algum momento. Meu dia dia a dia é ótimo, algumas vezes tomado por uma melancolia e tristeza, mas nem plano geral... boa.
   Estou aos poucos percebendo que esse ideário de relacionamento não se encaixa mais em mim, não o desejo mais, e pagarei o preço por ouvis essa voz ou não em breve. Pelo menos em uma das opções eu terei consumido todos os itens da lista.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

   Há momentos da vida que pensamos que podemos simplesmente ver um personagem e nos tornar como eles.. que podemos copiar seus atos, seus pensamentos e convicções. E que esse ato mimético vai nos tronar tao durões e fodões como aqueles que miramos. Com isso nos frustramos, tentamos sufocar aquilo que somos com enfeites superficiais, adesivamos qualidades e defeitos que julgamos os melhores, mas ignoramos o que está debaixo desse macacão de formula 1, cheio de cores e formas confusas.
   Nos tornamos um outdoor poluído, tampando uma obra que não queremos ver. Tentado, assim, ser aquele personagem maneiro daquele filme, ou uma pessoa desapegada da vida e dos outros. Mas quando devíamos realmente olhar pra nós e ver o que somos, ver nossas cores, nossos patrocinadores, nossas trincas e  reforços.
   Dia a dia eu tento ser alguém... cansei dessa de ser "alguém melhor", descobri que tantos anos construindo um casulo de qualidades e defeitos grampeados a minha pele, não me tornaria o protagonista daquele filme... Ele não existe.. Eu existo e preciso me livrar desse macacão barango papagaiado e me vestir de mim.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

   Acho que de certa forma começo a compreender o que é o tal do amor e por quê procuramos tanto esse sentimento abstrato e disforme. Acredito que ele nasça de uma desesperada procura por uma aceitação, do outro. Alguém que, como dito em vários filmes e livros sobre romance ", nos aceite como somos".

   Me pergunto o que de tão importante tem nessa aceitação externa. E vejo agora que vem de uma inabilidade de nos aceitarmos. Sempre achando que há algo de errado, não com o mundo ou a realidade, mas com nós mesmos. Quantas pessoas conhecemos pela vida que se descrevem como malucas, ou perturbadas? Quando essas encontram alguém que dias que as ama é como se dissessem, "eu aceito vc, pode se aceitar". É um aval social. Se tem alguém que gosta de mim como eu sou, então eu posso gostar de mim também.

   Irão aparecer pessoas que vão dizer o contrario, que você precisa se amar primeiro para amar ao próximo, eu vejo como uma tentativa de auto afirmar algo que você sabem bem no fundo, que é mentira. Não é a toa que esse tipo de pessoa "auto amorosa", passa grande parte do tempo dizendo p os outros que se ama e não precisa de ninguém.
  
   Passamos a vida inteira sendo provados e tentando provar coisas ao outros. Pais, professores, parentes, amigos, namorada(o)s. Provar q somos inteligentes, que podemos, que conseguimos, que somos legais. E por que com o Amor seria diferente?

domingo, 18 de novembro de 2018

   Eu sei que todo mundo tem seus momento de solidão. Onde encontram-se apenas consigo mesmo e seus pensamento. Algumas pessoas, as bem aventuradas, se sentem bem com isso; eu acho. Convivem bem com sua companhia, se divertem c seus pensamentos, aproveitam o silêncio e a liberdade da solidão.
   Eu queria ser assim, queria conseguir aproveitara mim mesmo sem parecer q fui abandonado em um beco a noite. Convivo bem comigo em dias que estou entretido com o trabalho, ou com futilidades da internet; com o bate papo descompromissado com alguém do lado dela da tela. Mas em dias como hoje, onde todos estão com seus pares, suas famílias ou apenas curtindo a si mesmo, eu estou aqui... Lutando contra esses pensamentos, tentando me ocupar com algo; filmes, series, internet.. Nesses dias parecem não surtir efeito sobre essa pedra que me esmaga, essa dor que pesa e me desconcentra.
   Nem o álcool soa mais como um amigo bem vindo.
   Penso no passado e nas opções que ele que me foram dadas e as escolhas que fiz para chegar ate esse vale cheio de arvores podres. O estranho é que na maior pare do tempo eu estou bem, consigo me mantar no prumo, rodando e trabalhando, estudando e ouvindo musicas e assistindo a vídeos interessantes. Mas dias como esse.. me trazem a um quarto úmido e escuro onde as perguntas gritam em minha cabeça, os dentes de serram e forçam uns contras os outros; os olhos inquietos e secos não fixam em um ponto, tudo coça, tido incomoda e tudo cheia a doença e derrota.
   Mais uma garrafa se esvazia, penso em parar, mas lembro que o próximo passo da embriaguez me trará o sono calmante e a passagem para outro vale.. o vale escuro do sono sem sonhos, onde quando eu menos esperar. despertarei numa semana nova em folha, com tarefas novas, onde todos estariam em suas vidas ativas e novamente acessíveis para um papo trivial, uma atenção fugaz.. mas ainda assim, numa presença distante, podendo falar comigo. Dispostos a uma atenção gratuita, me distraindo das dores físicas e mentais. Me fazendo esquecer desse texto e deste sentimento, das mandibulas travadas, das dezenas de garrafas na pia, dos minutos em vazio olhando para a parede. Me distraindo do vazio q eu sou, parecendo que sou uma peça dessa maquina, rodando e funcionando.